segunda-feira, 20 de abril de 2009

Trilha da liberdade - Caravana da Solidariedade com o Sahara Ocidental. Viagem nocturna



No aérodromo de Talavera la Real, Badajoz, a confusão que precede todas as viagens.



O anúncio do voo, várias horas antes. Tão perto e tão longe...




Já viajei em aviões muuuuiiiitttttooooo piores.



Antes da descolagem confere-se os últimos detalhes do programa da Caravana.


Chegada ao aeroporto de Tinduf. O que é proibido fazer? Tirar fotos.
O que é que se faz? Tirar fotos!



'Paragem técnica' entre Tinduf e Dahjla, em pleno deserto do Sahara. Objectivo: 'regar as dunas' e reagrupar as seis viaturas do 'Protocolo' mais o carro das bagagens.

A magia das noites de lua cheia no deserto. A beleza começava a tomar conta do meu ser.

Em Dahjla, a lua cheia é um ponto para além das casas de adobe. Não foi luar de Janeiro, mas foi amor primeiro...


A imensidão da noite é enorme. Tanto quanto a vista alcança sob o luar, tudo é plano e as formas confundem-se. Mais perto, os faróis do carro iluminam a pista de areia, estrada mais imaginada que real. Ao longe, outros faróis, os outros jipes da caravana. Vamos todos calados. Estamos cansados de uma viagem começada 12 horas antes em Lisboa. Primeiro, autocarro até Badajoz, depois horas de espera no aeródromo, para finalmente termos um avião que nos levou a Tinduf, no sul da Argélia, com escala em Orão. Destino: Dahjla.
Até esta imensidão nocturna, ficou para trás a viagem desde Lisboa, a travessia de Portugal pelo Alentejo. As primeiras conversas. Neste grupo de 43 pessoas, há aqueles que já se conhecem há muito e de outras andanças e há os que, como eu, somos novatos e mal conhecemos os nossos companheiros de viagem.
É ao final do dia que embarcamos num avião da Air Argélia. A maioria tem uma ideia, mas não sabe verdadeiramente o que vai encontrar, apesar das duas reuniões preparatórias que o Conselho Português para a Paz e Cooperação – organismo que lidera a viagem – organizou.
Temos um objectivo, vários objectivos para esta viagem: por um lado manifestarmos a nossa solidariedade com o povo saharaui que há 34 anos reclama a independência do seu país, ocupado por Marrocos, pelo outro, levarmos a primeira fatia do financiamento para reconstrução da escola de Sidi Yadih e ainda doarmos ao hospital local os medicamentos que, entretanto recolhemos.
Nesta fase da recolha dos medicamentos, fiquei um bocado desiludido com a maioria das pessoas que me rodeiam: em resposta ao meu pedido a mais de 50 pessoas, apenas 5 responderam de forma positiva. Das outras recebi apenas silêncio. E apenas pedia a cada uma uma caixa de paracetamol ou de ibuprofeno, fuor em comprimidos e vitaminas. À escolha. Coisas que variavam entre os pouco mais de 80 cétimos e os quatro euros, (as multivitaminas)... Dá que pensar, não dá?